segunda-feira, 30 de maio de 2016

Sobre coisas que precisamos saber

Parte II

Quando pensamos em política, logo ligamos o tema à crise econômica, partidos, governo e corrupção, mas seu real significado vai muito além de tudo isso. No dicionário, encontramos dentre as definições mais relevantes: sf. 1. Conjunto dos fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou a uma sociedade. 2. Arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos. Em resumo, política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká, uma derivação de polis que designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.

A definição oferecida pelo dicionário, apesar de atual, não demonstra por completo o que é a política de modo mais palpável. Somos inseridos em um sistema (político, econômico e social) que define nossas ações enquanto indivíduos. Devíamos ensinar as pessoas que aquilo que consumimos é política. Os alimentos que são destinados a nós, cheios de agrotóxicos para gerar lucro ao agronegócio, é política. As roupas que compramos, feitas através de mão de obra escrava para que as empresas faturem, é política. Os telejornais que assistimos e que são vinculados a esquemas entre empresas e políticos, limitando a informação, é política. O projeto educacional e o baixo investimento que as escolas públicas recebem, é política. O sucateamento da saúde pública que nos força a aderir planos privados e atende os interesses dessas empresas, é política. Todas as nossas ações, sejam elas de caráter consumista ou ideológico, fazem parte de um sistema político e interferem direta ou indiretamente nele. E você deve estar se perguntando, que sistema é esse?

O nosso sistema político atual é o sistema capitalista. Ele é quem rege e define cada questão que nos envolve. No dicionário, temos a seguinte definição: sm. Econ. Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de produção, na organização da produção visando o lucro e empregando trabalho assalariado, e no funcionamento do sistema de preços. 

O capitalismo é, portanto, um sistema que gira em torno do capital, baseado em classes antagônicas que existem para sustentar a organização da propriedade privada, aquilo que Karl Marx, filósofo alemão do século XIX e um dos principais autores sobre o assunto, vai chamar de relações de produção, cujas classes que exercem essa relação são chamadas de burguesia e proletariado, ou ainda, classe capitalista e classe trabalhadora, respectivamente, aqueles que possuem o meio de produção e aqueles que vendem sua força de trabalho, tornando-se assalariados. Uma vez que detém o poder econômico e, consequentemente, o poder político, a burguesia se constitui como classe dominante, ao passo que o proletariado se configura como classe dominada.  

E o que isso tem a ver com a política atual? Podemos perceber que esse sistema capitalista é o principal responsável por toda a estrutura da sociedade, da economia e da política vigente. Não é por acaso que tudo o que foi colocado anteriormente compactue com esse sistema e exista à serviço dele.


domingo, 29 de maio de 2016

Sobre coisas que precisamos saber

Parte I

A política é um assunto que gera debate, polêmica e até certo desconforto em todo espaço em que é inserida. Na mesa do bar, podem-se ouvir os murmúrios de quem está insatisfeito com o chamado governo. No jornal, as notícias de um caótico cenário político e sua instabilidade econômica. Nas escolas, os gritos de ordem das ocupações feitas por estudantes que tanto anseiam uma educação de qualidade. Nas ruas, protestos e intervenções contra cortes em investimentos sociais. Nas empresas, patrões articulam medidas para manter seus altos lucros. Nos sindicatos, a luta para manter os direitos trabalhistas diante de uma crise. A dona de casa ouve no rádio sobre os esquemas de corrupção. Pensa consigo: políticos? Todos corruptos! E então, em cada cidade, por todo canto, ouvimos a palavra política e refletimos sobre ela, quase que instantaneamente, num súbito momento de fervor, como uma palavra que carrega todos os males do mundo. 

Mas, afinal, o que é política? O tema que será proposto agora faz parte da conjuntura política, econômica e social da atualidade. O objetivo é apresenta-lo de maneira simples, questionando a forma como aprendemos e construímos nossa visão política dentro da sociedade. 

"Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu eu e as suas circunstâncias.” – Paulo Freire. 

quarta-feira, 18 de maio de 2016

E aí? Quem nasceu primeiro: a homossexualidade ou o cristianismo?

É evidente que desde os primórdios da existência humana, relações homossexuais existem. Mas desde quando isso tornou-se errado, constrangedor ou até mesmo pecaminoso? Em outros tempos, a homossexualidade era tida como um hábito natural, sendo que para determinados povos, este mesmo hábito era tido como uma iniciação para a vida adulta. Mas qual seria o motivo de tanta polêmica que gira em torno desse assunto? Assunto esse mesmo que era tratado como doença, com direito a código no C.I.D. (Código Internacional de Doenças), que trazia o termo homossexualismo como transtorno mental (C.I.D 10-F64).

Mas na verdade a homossexualidade não é algo recente, muito menos se trata de uma forma moderna de se levar a vida, ou seja, ela é tão antiga quanto a humanidade. A homossexualidade não é unanime do ser humano, sendo que este mesmo “comportamento” já foi constatado em diversos animais, e vem sendo estudado por diversos profissionais da área, como por exemplo, o biólogo Bruce Bagemihl, onde traz como prova vários comportamentos do mundo animal. Na realidade, sendo ou não um ato instintivo, estudos feitos revelam que por volta de dez mil anos atrás existiam práticas de rituais homossexuais. Estes mesmos rituais que foram relatados por Spencer (1999) comprovam que, o ritual era um símbolo de passagem onde jovens de certas tribos, eram penetrados por seus tios maternos, a fim de receber o seu esperma e passar da infância para a fase adulta.

Dando um salto na história, passaremos para a Antiga Grécia e Império Romano, onde as mulheres eram vistas como seres inferiores aos homens, servindo apenas como máquinas de reprodução e para afazeres domésticos, enquanto os homens reuniam-se para discursos intelectuais e culto ao belo, sendo dado neste momento resquícios de homossexualidade, já que esse culto era realizado em ginásios, onde os mais velhos ficavam a observar jovens que por sua vez sempre estavam nus. Entretanto, esta não era a única a única forma de contato homossexual. Segundo Maria Berenice Dias, ela diz em sua obra: 

“[...] existiam manifestações homossexuais nas representações teatrais, em que os papeis femininos eram representados por homens transvestidos de mulheres ou usando máscaras com feições femininas.“ (Direitos humanos e da homoafetividade, Dias, 2000, p. 24 e 25).

Na China também as relações homossexuais eram tratadas de formas naturais, sendo que partia de seu imperador para com seus súditos. Contudo, a relação que esses povos tinham foi desfeita com o surgimento do Cristianismo, que passou a condenar, qualquer tipo de relação que fosse estéril, como pecaminosa. Sendo que o comportamento homossexual era relacionado com o comportamento dos animais, que por eles eram considerados, impuros, imorais e irracionais.

Sendo assim, no século V que surgiram as primeiras leis de repressão a homossexualidade, que penalizava com castração e/ou queima na fogueira. Arthur Virmond de Lacerda Neto cita em sua obra A história da homossexualidade

“A igreja católica reprovava a homossexualidade como mais graves entre os adultérios e o incesto. Passou a reprová-la com maior intensidade no século XII, época em que S. Anselmo reputava-o tão difundido, que ninguém dele se envergonhava (ao mesmo tempo, notabilizou-se a paixão de Ricardo I, coração de Leão, da Inglaterra, por Felipe II, da França): Pelo concílio de Latrão (1179), padres homossexuais eram excomungados e confinados vitaliciamente.” (NETO, Arthur Virmond de Lacerda. História da Homossexualidade – Parte 1 e 2).

Portanto através dessa pequena linha do tempo que tracei, é possível se provar através de dados históricos que a homossexualidade, sempre existiu e sempre existirá, independentemente de qualquer religião ou quaisquer outros métodos de retaliação que exista.


A homossexualidade resiste!