quarta-feira, 13 de julho de 2016
terça-feira, 12 de julho de 2016
Religiosidade
O termo que assusta e faz surgir tanta intolerância, dentro do próprio
meio religioso, de crentes de uma mesma religião e entre religiões distintas.
Muitos dizem que não se deve discutir religião, mas na verdade, não se deve
discutir religiosidade, já que religião é na verdade um conjunto de crenças,
rituais, dogmas, doutrinas, regras, de pessoas, de símbolos, de política e de
cultura. Mas religiosidade não se deve discutir mesmo, pois, dentro da
religião está sua crença, aí sim é a religiosidade, que é a espiritualidade da
determinada fé.
O preconceito religioso, ou intolerância religiosa, é dada quando ao
invés de abordar um indivíduo pela sua religião (quando o assunto é esse),
abordam pela sua religiosidade, entrando num conflito de que Deus existe ou não,
qual Deus é real, o que salva e por aí vai.
Quando formos falar de religião, falemos de religião, vamos aprender a
deixar a crença do outro pro outro, sem tentar impor uma verdade, mas
respeitando a verdade de cada um.
terça-feira, 14 de junho de 2016
Semeando a resistência!
Nos textos
anteriores, fizemos uma pequena cronologia que se inicia quando perguntamos o
que é política. Vimos que estamos inseridos dentro de um sistema, que nesse
sistema temos uma forma de governo e dentro dessa forma de governo temos um
sistema de governo. A política é o conjunto disso tudo: desse sistema e suas
minuciosidades.
Entendendo que
nosso sistema político é muito complexo, vamos retomar os fatos recentes que
aconteceram no Brasil.
No dia 17 de abril
o Brasil presenciou um golpe na sua
recente democracia. A Câmara dos Deputados aprovou a instauração do processo de
impeachment da presidenta Dilma Rousseff por 367 votos a favor. Logo após, no
dia 12 de maio, o Senado votou pela admissibilidade do processo com 55 votos a
favor.
Nesse momento de
instabilidade política e econômica do país, mais uma vez a direita conseguiu
avançar através de um golpe, dessa vez institucional, para instaurar um projeto
que há muito não vence nas urnas.
Em 1964 o Brasil
sofreu um golpe militar que implantou a ditadura
para acabar com qualquer possibilidade do país passar por grandes reformas que
melhorariam a vida da população. João
Goulart, conhecido por Jango, era acusado de ter proximidade com projetos
socialistas, naquela época tão temidos pelos grandes setores da sociedade. Jango
propunha fazer as reformas estruturais que fariam com que o Brasil desse um salto
rumo à igualdade social e à sua estabilidade política e econômica. Durante esse
período de golpe, Jango foi deposto e milhares de pessoas foram torturadas e
mortas, das quais muitas ainda não tiveram seus corpos encontrados até hoje. O
golpe militar de 64 durou 21 anos causando danos irreparáveis ao país. A
ditadura torturou, matou e transformou o Brasil em um solo fértil para a desigualdade
e a corrupção. A censura impossibilitava o acesso à informação. Quem tivesse
uma ideologia diferente da vigente estava sob risco de morte.
31 anos desde o fim
da ditadura militar, o Brasil mais uma vez passa por um golpe na sua então
recente democracia. Uma presidenta
eleita democraticamente, com mais de 54 milhões de votos é afastada do cargo
acusada de crime de responsabilidade
pelas chamadas pedalas fiscais.
O que é a pedalada
fiscal? Pedalada fiscal é um termo que se refere a operações orçamentárias
realizadas pelo Tesouro Nacional, não previstas na legislação, que consistem em
atrasar o repasse de verba a bancos públicos e privados com a intenção de
aliviar a situação fiscal do governo em um determinado mês ou ano, apresentando
melhores indicadores econômicos ao mercado financeiro e aos especialistas em
contas públicas. É como se você atrasasse o pagamento de uma conta em
detrimento de outra mais importante. Até então, pedalada fiscal nunca havia
sido considerada crime e os presidentes anteriores já haviam utilizado esse
recurso.
Muitas pessoas
foram às ruas do país pedindo o fim da corrupção e a favor do impeachment da
presidenta Dilma. Muitas ainda acreditam que o impeachment é pelo fim da
corrupção. Na verdade, mal sabem que Dilma é uma das únicas figuras políticas
importantes que até então não foi citada em nenhum esquema de corrupção ou
ilegalidade. O processo de impeachment fraudulento que está correndo agora tem
um único objetivo: instaurar o projeto político que não venceu nas urnas a todo
custo. Colocar um fim nas investigações que estavam acontecendo para descobrir
os envolvidos com corrupção. Recentemente foram vazados áudios de importantes
políticos, como o do Senador Romero Jucá, comprovando que o impeachment é
golpe, e que a sua finalidade é “mudar o
governo pra poder estancar essa sangria”.
O golpista,
Presidente Interino Michel Temer, um dos maiores articuladores desse golpe, já
mostrou à que veio: logo de cara colocou 7 ministros investigados na lava jato.
Nenhuma mulher nos Ministérios. Nenhum negro ou LGBT. Nenhuma representatividade.
Um governo de homens, brancos e ricos, governando para os mesmos. Um projeto
totalmente diferente daquele que ganhou nas urnas em 2014, um projeto neoliberal e de Estado mínimo que visa privatizações e redução dos direitos até
então conquistados nesse período de governo do Partido dos Trabalhadores. Esse
projeto de Estado mínimo consiste em, literalmente, enxugar o Estado, a fim de
reduzir os “gastos” com políticas sociais.
Mais uma vez
sofremos um golpe. Agora, um golpe institucional, com o apoio de todas as
instâncias políticas e jurídicas, com o legislativo e o judiciário, a fim de
validar esse processo. Um processo amparado e divulgado por uma mídia também
golpista, e tudo isso sendo financiado pelo grande capital (parte daquele
sistema que vimos no começo), para atender os interesses dos grandes
capitalistas e suas respectivas empresas.
Dilma foi afastada
por 180 dias. Michel Temer vem governando pelos retrocessos e firmando um pacto
com os setores mais conservadores da sociedade. Muito provavelmente, dentro
desse período, ainda iremos passar por diversas mudanças estruturais no país e
de cunho político duvidoso. Privatizações e cortes com políticas sociais ainda
estão por vir, mas não nos calaremos diante desse golpe.
Pátria livre!
terça-feira, 7 de junho de 2016
Sobre coisas que precisamos saber
Parte III
Sabemos que o Brasil é denominado como uma República, mais que isso, uma República Federativa. Vamos, resumidamente, passar por cada um dos conceitos que formulam essa República e suas minúcias.
Sabemos que o Brasil é denominado como uma República, mais que isso, uma República Federativa. Vamos, resumidamente, passar por cada um dos conceitos que formulam essa República e suas minúcias.
O que é uma República? Sf. 1. A coisa pública. 2. O Estado no sentido geral seja qual for a
forma de goveno. 3. A comunidade dos cidadãos. 4. Forma de governo em que o
povo exerce a sua soberania por intermédio dos seus delegados e representantes
e por tempo fixo.
E Federação? Sf. 1. Associação de Estados num Estado coletivo, conservando cada um a
autonomia nos assuntos locais. 2. União política de nações; liga. 3. Associação
de entidades para um fim comum.
Ou seja, o Brasil é
uma República porque o Chefe de estado é eleito pelo povo, por período de tempo
determinado. É Federativa porque os estados têm autonomia política. Sendo
assim, temos a República Federativa do
Brasil, um sistema de governo que não centraliza todo o poder, como acontecem
com as monarquias.
Além disso, no
Brasil, temos a chamada divisão dos três
poderes, que hoje é considerada um princípio fundamental do direito
constitucional. Charle Montesquieu,
filósofo do século XVIII, foi um dos ícones do iluminismo francês, o
responsável por organizar o modelo político que caracterizaria o Estado Democrático de Direito.
O que é o Estado de
Direito? O Estado de Direito é formado por dois componentes: o Estado (enquanto
forma de organização política) e o direito (enquanto conjunto das normas que
regem o funcionamento de uma sociedade). Nestes casos, portanto, o poder do
Estado encontra-se limitado pelo direito. É uma situação jurídica, ou um
sistema institucional, ligado ao respeito da hierarquia das normas e dos
direitos fundamentais. Em outras palavras, o Estado de direito é aquele no qual
os mandatários políticos (na democracia: os eleitos) são submissos às leis
promulgadas.
O que é o Estado Democrático?
O Estado Democrático baseia-se no princípio da soberania popular, pelo qual o
povo é titular do poder constituinte, é o ente que legitima todo o poder
político. Configura-se, assim, a exigência que todas e cada uma das pessoas
participem de forma ativa na vida política do país, aquilo que chamamos de
democracia.
Portanto, o Estado
Democrático de Direito é essa junção de dois conceitos distintos, para designar
qualquer Estado que se aplica a garantir o respeito das liberdades civis, ou
seja, o respeito pelos direitos humanos e pelas garantias fundamentais, através
do estabelecimento de uma proteção jurídica. Em um estado de direito, as
próprias autoridades políticas estão sujeitas ao respeito das regras de
direito.
No Estado
Democrático de Direito, temos aquilo que chamamos de três poderes, sendo eles
configurados como poder legislativo, executivo e judiciário.
Poder legislativo: é aquele que se
preocupa em elaborar ou modificar as leis. É composto pelos parlamentares, ou
seja, os vereadores (municípios), os deputados estaduais (estados) e os
deputados federais (país). Além deles, existe também o Senado, que é composto
pelos senadores.
Poder executivo: é aquele que se
preocupa em aplicar as leis e as políticas sociais. É representado pelos
administradores, ou seja, os prefeitos (municípios), os governadores (estados)
e pelo presidente (país).
Poder judiciário: é o responsável
por julgar os crimes e avaliar as leis, se elas são constitucionais ou não,
isto é, se elas obedecem à Constituição Federal. É representado pelos juízes e
desembargadores, sendo o único dos três poderes que não é eleito
democraticamente pelo povo. A sua principal instância é o Supremo Tribunal
Federal (STF).
Mas afinal, o que
significam todos esses conceitos e pra quê eles servem? Todas essas instâncias
são avanços no processo de formação do Estado, servem para garantir a
democracia e facilitar na gestão do mesmo. Se observarmos historicamente, tudo
isso trata-se de uma evolução da política, um aprimoramento para transformá-la.
Da monarquia, para a república; do autoritarismo, para a democracia; e assim
vamos tornando cada vez mais acessível esse espaço que ainda é tão pouco
ocupado pela população. Nosso sistema ainda é falho e precisa de diversas
correções, estes foram os primeiros passos e tomar conhecimento de tudo isso é
um ato revolucionário.
segunda-feira, 6 de junho de 2016
Democracia: um rumo à soberania popular
Atualmente, em
instituições, comitês, empresas, espaços públicos ou privados em geral, temos
uma forma de governo, gestão e organização que vem sendo muito pautada. Essa
forma de governo ou gestão chama-se democracia.
A maioria dos espaços
da contemporaneidade, independentes de seu caráter e objetivo, se denominam
democráticos, a fim de estabelecer uma linha ideológica para aqueles que os
compõe. E o que é democracia? Sf. (gr
demokratía, demo=povo, cracia=governo) 1. Governo do povo, sistema em que cada
cidadão participa do governo; democratismo. 2. A influência do povo no governo
de um Estado. 3. A política ou a doutrina democrática. 4. O povo, as classes
populares. Ou seja, quando dizemos que vivemos em uma democracia, estamos
dizendo que vivemos sob uma forma de
governo em que a soberania é
exercida pelo povo.
Existem dois tipos
de democracia, a democracia
participativa e a democracia
representativa, respectivamente conhecidas como democracia direta e democracia
indireta.
A primeira acontece
quando, através de mecanismos, a população pode intervir diretamente nas
decisões políticas do país. Dentre os mecanismos mais comuns, temos o chamado plebiscito e o referendo. De acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), “plebiscito e referendo são consultas ao
povo para decidir sobre matéria de relevância para a nação em questões de
natureza constitucional, legislativa ou administrativa.”, ou seja, a diferença
entre o plebiscito e o referendo está na perspectiva que cada um privilegia a
mesma questão. No plebiscito, o cidadão se manifesta sobre um assunto antes de
uma lei ser constituída. Quando há uma consulta popular sobre lei que já foi
aprovada pelo Congresso Nacional, a modalidade adequada é o referendo.
Vale ressaltar que a democracia direta também pode ocorrer, em caso de populações muito pequenas, com a participação do povo de maneira plena, onde não há a necessidade de representantes como intermediários, mas esse tipo de situação é quase que inexistente nos dias de hoje.
Vale ressaltar que a democracia direta também pode ocorrer, em caso de populações muito pequenas, com a participação do povo de maneira plena, onde não há a necessidade de representantes como intermediários, mas esse tipo de situação é quase que inexistente nos dias de hoje.
No segundo caso, o
povo elege representantes que possam defender, gerir, estabelecer e executar todos
os interesses da população. A principal base da democracia representativa é o voto direto, ou seja, o meio pelo qual
a população pode apreciar todos os candidatos a representantes do povo e
escolher aqueles que consideram mais aptos para representá-los, o que não
impede que haja mobilização popular para plebiscitos e referendos por uma
democracia mais participativa, tendo em vista que a soberania deve sempre ser
da população.
No Brasil, vivemos
uma democracia representativa, mas também já tivemos casos de plebiscitos e
referendos para a tomada de decisões polêmicas, sendo o último, um referendo em
2005 para deliberar sobre a proibição do comércio de armas de fogo e munições
no país, com a seguinte questão: "O
comércio de armas de fogo e munição deve ser proibido no Brasil?", o “não”
ganhou com 63,94% dos votos.
A democracia, ainda
que colocada sob um sistema capitalista e burguês – o que gera diversas
problemáticas –, é aquilo que garante a liberdade de expressão e não compactua
com regimes ditatoriais. Sem a democracia há uma quebra constitucional e não há
garantias de que nossos direitos serão respeitados, ela é o que traz o mínimo
de dignidade política e soberania popular para o país.
segunda-feira, 30 de maio de 2016
Sobre coisas que precisamos saber
Parte II
Quando pensamos em
política, logo ligamos o tema à crise econômica, partidos, governo e corrupção,
mas seu real significado vai muito além de tudo isso. No dicionário,
encontramos dentre as definições mais relevantes: sf.
1. Conjunto dos fenômenos e das práticas relativos ao Estado ou a uma
sociedade. 2. Arte e ciência de bem governar, de cuidar dos negócios públicos. Em
resumo, política é a ciência da governança de um Estado ou Nação e também uma
arte de negociação para compatibilizar interesses. O termo tem origem no grego politiká,
uma derivação de polis que
designa aquilo que é público. O significado de política é muito abrangente e
está, em geral, relacionado com aquilo que diz respeito ao espaço público.
A definição
oferecida pelo dicionário, apesar de atual, não demonstra por completo o que é
a política de modo mais palpável. Somos inseridos em um sistema (político,
econômico e social) que define nossas ações enquanto indivíduos. Devíamos
ensinar as pessoas que aquilo que consumimos é política. Os alimentos que são
destinados a nós, cheios de agrotóxicos para gerar lucro ao agronegócio, é
política. As roupas que compramos, feitas através de mão de obra escrava para
que as empresas faturem, é política. Os telejornais que assistimos e que são
vinculados a esquemas entre empresas e políticos, limitando a informação, é
política. O projeto educacional e o baixo investimento que as escolas públicas
recebem, é política. O sucateamento da saúde pública que nos força a aderir
planos privados e atende os interesses dessas empresas, é política. Todas as
nossas ações, sejam elas de caráter consumista ou ideológico, fazem parte de um
sistema político e interferem direta ou indiretamente nele. E você deve estar
se perguntando, que sistema é esse?
O nosso sistema
político atual é o sistema capitalista. Ele é quem rege e define
cada questão que nos envolve. No dicionário, temos a seguinte definição: sm. Econ.
Sistema econômico e social baseado na propriedade privada dos meios de
produção, na organização da produção visando o lucro e empregando trabalho
assalariado, e no funcionamento do sistema de preços.
O capitalismo é,
portanto, um sistema que gira em torno do capital, baseado em classes
antagônicas que existem para sustentar a organização da propriedade privada,
aquilo que Karl
Marx, filósofo alemão do século XIX e um dos principais autores sobre o
assunto, vai chamar de relações de produção, cujas classes que exercem essa
relação são chamadas de burguesia e proletariado,
ou ainda, classe
capitalista e classe trabalhadora,
respectivamente, aqueles que possuem o meio de produção e aqueles que vendem
sua força de trabalho, tornando-se assalariados. Uma vez que detém o poder
econômico e, consequentemente, o poder político, a burguesia se constitui como classe
dominante, ao passo que o proletariado se configura como classe
dominada.
E o que isso tem a
ver com a política atual? Podemos perceber que esse sistema capitalista é o
principal responsável por toda a estrutura da sociedade, da economia e da
política vigente. Não é por acaso que tudo o que foi colocado anteriormente
compactue com esse sistema e exista à serviço dele.
domingo, 29 de maio de 2016
Sobre coisas que precisamos saber
Parte I
A política é um assunto que gera debate, polêmica e até certo desconforto em todo espaço em que é inserida. Na mesa do bar, podem-se ouvir os murmúrios de quem está insatisfeito com o chamado governo. No jornal, as notícias de um caótico cenário político e sua instabilidade econômica. Nas escolas, os gritos de ordem das ocupações feitas por estudantes que tanto anseiam uma educação de qualidade. Nas ruas, protestos e intervenções contra cortes em investimentos sociais. Nas empresas, patrões articulam medidas para manter seus altos lucros. Nos sindicatos, a luta para manter os direitos trabalhistas diante de uma crise. A dona de casa ouve no rádio sobre os esquemas de corrupção. Pensa consigo: políticos? Todos corruptos! E então, em cada cidade, por todo canto, ouvimos a palavra política e refletimos sobre ela, quase que instantaneamente, num súbito momento de fervor, como uma palavra que carrega todos os males do mundo.
Mas, afinal, o que
é política? O tema que será proposto agora faz parte da conjuntura política, econômica
e social da atualidade. O objetivo é apresenta-lo de maneira simples,
questionando a forma como aprendemos e construímos nossa visão política dentro
da sociedade.
"Quando o homem compreende a sua realidade, pode levantar hipóteses sobre o desafio dessa realidade e procurar soluções. Assim, pode transformá-la e o seu trabalho pode criar um mundo próprio, seu eu e as suas circunstâncias.” – Paulo Freire.
quarta-feira, 18 de maio de 2016
E aí? Quem nasceu primeiro: a homossexualidade ou o cristianismo?
É evidente que
desde os primórdios da existência humana, relações homossexuais existem. Mas
desde quando isso tornou-se errado, constrangedor ou até mesmo pecaminoso? Em
outros tempos, a homossexualidade era tida como um hábito natural, sendo que
para determinados povos, este mesmo hábito era tido como uma iniciação para a
vida adulta. Mas qual seria o motivo de tanta polêmica que gira em torno desse
assunto? Assunto esse mesmo que era tratado como doença, com direito a código
no C.I.D. (Código Internacional de Doenças), que trazia o termo homossexualismo
como transtorno mental (C.I.D 10-F64).
Mas na verdade a
homossexualidade não é algo recente, muito menos se trata de uma forma moderna
de se levar a vida, ou seja, ela é tão antiga quanto a humanidade. A homossexualidade
não é unanime do ser humano, sendo que este mesmo “comportamento” já foi
constatado em diversos animais, e vem sendo estudado por diversos profissionais
da área, como por exemplo, o biólogo Bruce Bagemihl, onde traz como prova
vários comportamentos do mundo animal.
Na realidade, sendo ou não um ato instintivo, estudos feitos revelam que por
volta de dez mil anos atrás existiam práticas de rituais homossexuais. Estes
mesmos rituais que foram relatados por Spencer (1999) comprovam que, o ritual
era um símbolo de passagem onde jovens de certas tribos, eram penetrados por
seus tios maternos, a fim de receber o seu esperma e passar da infância para a
fase adulta.
Dando um salto na
história, passaremos para a Antiga Grécia e Império Romano, onde as mulheres
eram vistas como seres inferiores aos homens, servindo apenas como máquinas de
reprodução e para afazeres domésticos, enquanto os homens reuniam-se para
discursos intelectuais e culto ao belo, sendo dado neste momento resquícios de
homossexualidade, já que esse culto era realizado em ginásios, onde os mais
velhos ficavam a observar jovens que por sua vez sempre estavam nus. Entretanto,
esta não era a única a única forma de contato homossexual. Segundo Maria
Berenice Dias, ela diz em sua obra:
“[...] existiam manifestações homossexuais nas representações teatrais, em que os papeis femininos eram representados por homens transvestidos de mulheres ou usando máscaras com feições femininas.“ (Direitos humanos e da homoafetividade, Dias, 2000, p. 24 e 25).
Na China também as
relações homossexuais eram tratadas de formas naturais, sendo que partia de seu
imperador para com seus súditos.
Contudo, a relação que esses povos tinham foi desfeita com o surgimento do
Cristianismo, que passou a condenar, qualquer tipo de relação que fosse
estéril, como pecaminosa. Sendo que o comportamento homossexual era relacionado
com o comportamento dos animais, que por eles eram considerados, impuros,
imorais e irracionais.
Sendo assim, no
século V que surgiram as primeiras leis de repressão a homossexualidade, que
penalizava com castração e/ou queima na fogueira. Arthur Virmond de Lacerda
Neto cita em sua obra A história da homossexualidade:
“A igreja católica reprovava a homossexualidade como mais graves entre os adultérios e o incesto. Passou a reprová-la com maior intensidade no século XII, época em que S. Anselmo reputava-o tão difundido, que ninguém dele se envergonhava (ao mesmo tempo, notabilizou-se a paixão de Ricardo I, coração de Leão, da Inglaterra, por Felipe II, da França): Pelo concílio de Latrão (1179), padres homossexuais eram excomungados e confinados vitaliciamente.” (NETO, Arthur Virmond de Lacerda. História da Homossexualidade – Parte 1 e 2).
Portanto através
dessa pequena linha do tempo que tracei, é possível se provar através de dados
históricos que a homossexualidade, sempre existiu e sempre existirá,
independentemente de qualquer religião ou quaisquer outros métodos de
retaliação que exista.
A homossexualidade resiste!
terça-feira, 12 de abril de 2016
Liberdade sexual: tanto para alguns, nada para outros
Em um país com mais
mulheres do que homens, com mulheres que lideram grupos familiares, que sustentam
os pilares da sociedade brasileira, o machismo e sexismo ainda competem lado a
lado com os direitos de igualdade conquistados por todas as mulheres, no âmbito
social, empresarial, acadêmico entre tantos outros. Mas eis que ai fica a
pergunta: liberdade sexual, por que
tanto para alguns e nada para outros?
Desde os primórdios
da humanidade, as mulheres que tem relações extraconjugais ou até mesmo antes
do matrimônio do casamento, são tratadas como pervertidas, promiscuas,
errôneas, de alma impura entre milhares e milhares de termos que se formos aqui
ficar escrevendo, passaríamos horas e mais horas. Mas de onde vem essa
retaliação ao desejo sexual feminino? De onde vêm essas nomenclaturas
exageradas, quando as mesmas em todas as culturas são vistas como objeto (sim,
objeto!), de desejo e reprodução masculina. Podemos partir desde o início de
tudo, da criação do mundo da mulher pecadora, que além de perder sua alma para
o mal perverso ainda arrastou consigo seu marido... Sim, estou falando de Eva,
a segunda mulher de Adão, feita da costela do mesmo deveria segui-lo e apoia-lo
em tudo o que lhe fosse imposto (enquanto a primeira esposa de Adão, Lility,
foi banida do paraíso por se negar a se prostrar diante de Adão e beijar os
caminhos por ele percorridos) .
Alguns milhares de anos há frente, temos Imaculada Virgem Maria, escolhida a
dedo pelo próprio Deus para ser genitora de seu filho que iria vir para a Terra
a fim de ensinar o amor aos homens, escolhida, aliás, por ser virgem e
intocada, enquanto em um povoado próximo ao seu, Maria Madalena era apedrejada
pelo simples fato de se deitar com diversos homens sem ter sido prometida á
nenhum... Bem partindo
disso estamos seguindo apenas contextos históricos e religiosos, mas vamos dar
um salto para alguns milhares de anos há frente?
Entraremos nas era
do coronelismo, onde as mulheres eram tidas como moeda de troca, ou seja, o pai
dava a mão de sua filha mulher para algum conhecido a fim de que a junção do
matrimônio viesse a trazer mais fortuna e riqueza á sua família. Após isso
temos um momento de rebelação e fortalecimento das mulheres junto a sociedade,
onde as mesmas, ganharam o direito do voto, começaram a usar calças, pintar,
cortar e fazer várias peripécias em seus cabelos e unhas, mas ainda não podiam
transar! A partir dai,
foi-se dada uma era “tecnológica”, onde músicas eram tocadas em adoração a
corpo feminino, imagens eram expostas em cartazes, filipetas, em revistas e
mais centenas de meios de comunicação, Marilyn Monroe era exemplo de beleza e
libertinagem, adorada por homens enaltecidos por mulheres que um dia sonhava em
ser como ela, mas no fim nada era assim, se os homens chegassem em casa a fim
de transar e suas parceiras negassem ou propusessem algo, peculiar, diferente,
eram tratadas como o pior lixo humano, pois o mundo externo era sim lindíssimo,
mas dentro de casa as mulheres ainda assim eram privadas de ter voz e desejos,
pois é como diz a música “Amélia não tinha luxo nenhuma vaidade, Amélia é que
era mulher de verdade!”. Ou
quando alguma dessas mulheres resolviam se expor, o que vinha à elas? “Joga
pedra na Gení! Joga pedra na Gení! Ela é feita pra apanhar! Ela é boa de
cuspir! Ela dá pra qualquer um! Maldita Gení!”.
Pois ainda hoje, em
pleno século XXI, com grande pesar que escrevo esse texto, vejo que a
teledramaturgia, as músicas, entre vários outros meios de influência, são
feitos para com que as mulheres sejam desejadas, porém submissas, e aquelas que
assim se recusarem, sejam mais uma Lility, expulsa do paraíso, mais uma Eva que
leva seu marido e família à ruina pelo simples fato da sua curiosidade, uma
Maria Madalena apedrejada por deixar que seu corpo falasse por si, uma Marilyn
Monroe que dançava, atuava e cantava, mas todas as noites voltava sozinha para
casa por não ser boa o suficiente para nenhum homem, ou até mesmo uma Gení que
merecia ser apedrejada por deitar-se com quem lhe dava prazer e não amor.
Mas ainda assim
espero que todas as mulheres possam seguir um conselho da escritora e filósofa francesa Simone de
Beauvoir, uma das mais importantes vozes do feminismo no século XX: “Que nada
nos defina, que nada nos sujeite. Que a liberdade seja a nossa própria
substância, já que viver é ser livre”.
quinta-feira, 31 de março de 2016
Ideologia como verdade II
O indivíduo burguês
contemporâneo
Hoje em dia há uma
frase muito em voga que demonstra a ideologia vigente de uma maneira ímpar:
"basta ser você mesmo", essa frase é usada como uma mantra para
qualquer situação na qual o indivíduo se encontre em dúvida. Porém esta
aparente edificante e libertadora frase esconde seus males, ela gera neurose na
pessoa, pois a pergunta inconsciente que vem logo após e atormenta o indivíduo
é: "quem sou eu?".
A resposta dessa
pergunta é para dizer o mínimo difícil, entretanto o ser tenta encontrar a
resposta dentro dos sonhos vigentes na sociedade. Qual o sonho mais em voga
atualmente no mundo? Um sonho que remete a primeira pergunta, o sonho de querer
ser alguém. Alguém que "curta" a vida, mas também faça seus
"deveres" perante a sociedade, encontramos esse exemplo nos bilionários
que conseguiram "ganhar o jogo" e aproveitar a vida mas também
"fazem a sua parte" ajudando as crianças na África e criando slogans
sobre como mudar o mundo.
Valores religiosos
e culturais também permeiam o sonho de nossa cultura, por exemplo, o machismo é
ruim não só para as mulheres que tiveram (e ainda têm) seus direitos
dilacerados por preconceito e estupidez, mas também atinge os homens, pois o
homem pensa que para que ele seja "alguém" precisa ser o
"cafajeste", ou mais recentemente, o "pegador".
Ideologia como verdade I
O que é ideologia? Para começo de conversa, nós como humanos
dificilmente conseguimos lidar com a realidade de maneira direta, ainda
possuímos a necessidade de dar um sentido à nossa existência, para isso
construímos estruturas a nível inconsciente das quais podemos extrair um
significado sobre o que é "certo" e "errado", inclusive até
o que é "bonito" e "feio", etc.
O filósofo Slavoj Zizek no seu filme "The Pervert's Guide To Ideology", ao analisar o filme
"They Live", fala
basicamente que quando achamos que estamos fugindo da realidade por meio de
nossos sonhos, precisamente neste momento nós estamos dentro da ideologia.
Essa ideia nos mostra que nossos sonhos não são apenas nossos, isto é, não
funcionam de maneira independente e autônoma, mas nós sonhamos como uma maneira
de construir algo que nos dê um significado transcendente para as nossas vidas.
Antigamente o significado primordial, a verdade absoluta, era advinda da
ideia de Deus. Hoje em dia esse significado embora ainda muito presente, vem
sendo substituído por outro sonho, o sonho do Indivíduo dentro do conceito do
Capitalismo Global, isto é, penso que falamos da concepção de indivíduo pela
concepção burguesa.
domingo, 13 de março de 2016
Intolerância religiosa... Pra quê?
Olá pessoal, amigos
do saber, sim, hoje nós iremos tratar de um tema um tanto polêmico, mas não
fique desesperado, é de fácil compreensão quando se tem a mente como a sua,
aberta. Hoje vamos falar sobre religião
(oooooooh), sim para algumas pessoas, religião não se discute, porém, religião
se discute sim, o que não se discute é espiritualidade, ou seja, o conjunto de
crenças, práticas e rituais que cada religião trás.
Muitos acreditam
que a primeira religião a surgir foi o Cristianismo (termo que digna os
seguidores de Cristo), para a surpresa de muitos, não! A primeira vivência
espiritual a existir foi a magia, não estilo Harry Potter. Magia é uma palavra
que deriva de mago, que quer dizer sábio, magia para os primeiros magicistas,
era o culto à natureza e às suas manifestações. Depois dessa primeira vivência
espiritual surgida, cria-se após a morte de Cristo, pelo imperador Constantino,
em Roma, o Cristianismo que passou por muitas reformas até chegarmos ao que
temos hoje por Cristianismo.
A questão é, se
todas essas religiões, inclusive o Cristianismo, são criadas por homens, por
que algumas pessoas matam, morrem e defendem tanto? Isso acontece porque o
integrante de cada religião (não todos, mas a grande maioria), teima em pregar
suas "verdades" como verdades para outras pessoas, criando então o
que chamamos de converter, que não é nada mais que ganhar fiéis para a sua
própria religião! Por esse ato de pregar verdades, acabam criando inimizades, e
por isso dá-se início a intolerância religiosa, o que realmente é uma pena, por
que toda religião que prega o bem, tem algo de muito belo para nos ensinar.
Depois do Cristianismo, começaram as outras religiões, mas isso vou deixar para
outra postagem.
Enfim, amantes do
saber, nós devemos sim, lutar contra essa intolerância religiosa, levando as
pessoas a usarem a razão para que vejam a "verdade, de verdade", não
discuta mais, dê exemplo! Viva todas as religiões, e como dizia Albert Einstein
“A ciência sem a religião é paralítica, e a religião sem a ciência é cega”.
sexta-feira, 11 de março de 2016
Apresentando o Blog
Sejam todos bem-vindos ao blog!
O presente blog tem como característica a
junção de temas como religião, cultura, sexualidade e política. Nossa intenção
é abordar tais temas fazendo uma análise e levantando críticas sociais,
incorporando a visão de alunos do primeiro ano de filosofia da UFSCar.
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